A minissérie Tremembé estreou na sexta-feira, 31 de outubro de 2025, com todos os cinco episódios disponíveis exclusivamente para assinantes do Prime Video. Não é apenas mais uma produção de streaming — é um mergulho cruento nos bastidores de alguns dos crimes mais assustadores da história recente do Brasil, contados por quem viveu dentro das celas da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, interior de São Paulo. Conhecida como o 'presídio dos famosos', o complexo já abrigou criminosos cujos nomes viraram manchetes, e agora, pela primeira vez, suas vozes — ou versões dramatizadas delas — ocupam o centro de uma narrativa que não pede perdão, apenas compreensão.
Quem são os personagens reais por trás das atuações?
A série não inventa nada. Ela pega fatos reais e os entrelaça como peças de um quebra-cabeça sangrento. Marina Ruy Barbosa encarna Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos por planejar o assassinato dos próprios pais, Manfred e Marísia, em 2002. O crime, que abalou a classe média alta paulista, foi executado com frieza — e a série mostra como a jovem de 19 anos manipulou os irmãos Cravinhos para cumprir o plano.Bianca Comparato vive Anna Carolina Jatobá, esposa de Alexandre Nardoni, condenada por deixar a enteada Isabella cair do sexto andar em 2008. O caso, que gerou manifestações em todo o país, é retratado com uma nuance rara: não como uma vilã caricata, mas como alguém que se calou enquanto o marido e a família escondiam a verdade. Já Lucas Oradovschi interpreta o próprio Alexandre, cuja negação e controle emocional tornam-se o contraponto silencioso da prisão.
Outro nome que parou o Brasil foi Elize Matsunaga, interpretada por Carol Garcia. Em 2012, ela esquartejou o marido, Marcos Kitano Matsunaga, empresário da Yoki, e escondeu os pedaços do corpo em sacos plásticos dentro da geladeira. O crime, por sua brutalidade, se tornou sinônimo de loucura calculada. A série não se limita ao ato — mostra como ela se transformou na figura mais temida entre as detentas.
Os irmãos Cravinhos: o peso do passado e a tentativa de redenção
Kelner Macêdo interpreta Christian Cravinhos, irmão mais velho de Daniel, que, junto com Suzane, planejou e executou o assassinato dos von Richthofen. Condenado a 38 anos e 6 meses, Christian teve liberdade condicional em 2017 — mas foi preso novamente em 2018 por porte ilegal de arma e tentativa de suborno. A série o retrata como um homem assombrado, que tenta se reconectar com a família, mas é impedido pelo peso das próprias escolhas. Já Felipe Simas vive Daniel Cravinhos, o irmão mais jovem, cuja inocência aparente esconde uma obediência cega ao plano de Suzane.
Sandrão: a voz da prisão, o coração da série
Se há uma personagem que une todos os fios da trama, é Sandra Regina Gomes, conhecida como Sandrão, interpretada por Letícia Rodrigues. Condenada por homicídio e tráfico, cumpre mais de 30 anos de prisão. Não é uma criminosas famosa por mídia — mas é a mais temida dentro da penitenciária. Ela controla o mercado negro, mede as alianças e impõe regras. É ela quem fala o que ninguém ousa dizer: "Aqui, ninguém é inocente. Só quem ainda não foi pego."Na sombra, Anselmo Vasconcelos interpreta Roger Abdelmassih, ex-médico condenado a 278 anos por abusar sexualmente de dezenas de pacientes entre os anos 1990 e 2000. Sua presença na série é perturbadora — não por violência explícita, mas pela frieza com que ele se vê como um homem acima da lei, até dentro da cela.
Uma produção que não quer apenas entreter — quer confrontar
A série é baseada nos livros de Ulisses Campbell, jornalista que passou anos investigando os bastidores desses crimes. O que diferencia Tremembé de outros programas de true crime é a recusa em transformar os criminosos em celebridades. Aqui, eles não são heróis, nem vilões. São humanos — falhos, manipuladores, arrependidos ou indiferentes. A câmera não julga. Ela observa.A direção optou por não usar música dramática para intensificar cenas. Em vez disso, o som ambiente da prisão — correntes, gritos distantes, portas batendo — se torna o protagonista. A iluminação é pálida, quase hospitalar. As celas são apertadas, os uniformes desbotados. Nada é glamorizado. E é exatamente isso que torna a série tão poderosa.
Por que isso importa agora?
Em 2025, o Brasil vive um momento de revisão histórica. Casos como o de Suzane, Isabella e Elize ainda são citados em escolas, debates políticos e até em campanhas de combate à violência doméstica. Tremembé não é um documentário — mas funciona como um espelho. Mostra como a sociedade se esquece das vítimas, mas nunca esquece os nomes dos criminosos. E talvez, por isso, essas histórias continuem a assombrar.Os diretores não revelaram se haverá uma segunda temporada. Mas, se houver, o foco pode ser outro presídio: a Casa de Detenção de São Paulo, onde passaram figuras como o traficante Marcola e o ex-deputado Marcelo Serpa. O que é certo: Tremembé não é só uma série. É um registro de uma era.
Frequently Asked Questions
Quais crimes reais são retratados na série Tremembé?
A série retrata seis crimes reais: o assassinato dos pais de Suzane von Richthofen em 2002; a morte de Isabella Nardoni em 2008, jogada do sexto andar por seu pai e madrasta; o esquartejamento de Marcos Kitano Matsunaga por Elize Matsunaga em 2012; os abusos sexuais de Roger Abdelmassih contra dezenas de pacientes entre 1990 e 2000; e os crimes de Christian e Daniel Cravinhos no caso von Richthofen. Além disso, a personagem Sandrão representa a realidade de detentas condenadas por tráfico e homicídio sem grande cobertura midiática.
A série é fiel aos fatos reais?
A série é baseada em livros de reportagem de Ulisses Campbell e usa nomes, datas e eventos reais, mas adiciona elementos dramáticos para conectar as histórias. Diálogos, interações entre personagens e certas cenas são inventadas — mas não distorcem os fatos centrais. A intenção não é ser um documentário, mas provocar reflexão sobre como a mídia e a sociedade transformam criminosos em ícones.
Onde foi filmada a série Tremembé?
Apesar de ambientada na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, a produção foi filmada em estúdios e locações em São Paulo, com reconstruções detalhadas das celas e corredores. Nenhuma gravação ocorreu dentro de uma prisão real por questões de segurança e logística. Os produtores trabalharam com ex-presidiários e agentes penitenciários para garantir autenticidade nos detalhes.
Por que a série se chama Tremembé?
Tremembé é o nome do município onde fica a Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, também conhecida como Tremembé II — o presídio onde esses criminosos cumprem ou cumpriram penas. O nome se tornou sinônimo de "prisão dos famosos" na cultura popular brasileira, por abrigar casos de alta repercussão. A escolha do título é intencional: não se trata apenas de um lugar, mas de um símbolo da justiça e da memória coletiva.
Quem é a vítima mais esquecida na série?
Embora a série foque nos criminosos, a vítima mais esquecida é Isabella Nardoni, de 5 anos. Sua morte foi um marco na luta por direitos da criança no Brasil, mas na série, ela aparece apenas em memórias e fotos. A produção evita explorar o sofrimento dela diretamente — uma escolha que, paradoxalmente, torna sua ausência ainda mais dolorosa. É uma crítica silenciosa à nossa cultura de consumo de tragédias.
A série glorifica os criminosos?
Não. Pelo contrário. A série evita qualquer forma de romantização. Os personagens são mostrados como pessoas profundamente falhas — manipuladoras, egoístas, às vezes arrependidas, mas raramente dignas de piedade. O que a série faz é humanizar, não justificar. Ela pergunta: como chegamos até aqui? — e não: por que devemos admirá-los?
Essa série é tipo um espelho que a gente não quer encarar... mas que tá lá, brilhando, te obrigando a ver.
As celas, os sons, a luz fraca... tudo tão real que dá até medo de respirar alto.
Não é entretenimento. É terapia forçada.
Mano, Suzane, Elize, Sandrão... cada uma dessas mulher é um filme inteiro 😳
E o Roger Abdelmassih? 😔
Ele nem parece humano na tela, tipo um robô com crachá de médico...
Isso aqui não é true crime, é true horror psicológico 🤯
Alguém mais sentiu que a série tá nos chamando de cúmplices? 🤔
Essa série me fez chorar sem saber por quê...
É tipo um abraço apertado de alguém que sabe que você já passou por algo difícil.
Parabéns aos diretores, tá de parabéns mesmo 💪❤️
A escolha de não mostrar o rosto da Isabella foi a decisão mais corajosa da série.
Não é sobre o que a gente vê, é sobre o que a gente deixa de ver.
Essa é a verdadeira crítica social: a nossa indiferença como sociedade.
As vítimas não são personagens, são memórias que a gente apaga.
Essa série não é sobre criminosos.
É sobre nós.
Eu tava esperando um monte de dramalhão, mas aí veio isso...
Calma, sem música, sem efeitos, só o som das correntes...
É como se a prisão tivesse falado direto na minha cabeça.
Quem fez isso merece ser visto, não idolatrado.
Essa série tá no nível de um bom livro de Saramago.
Parabéns, gente.
Tremembé é um monumento à decadência da narrativa contemporânea
Humanizar criminosos é um erro filosófico
Se você não condena, você legitima
Isso aqui não é arte é terapia de massa para a culpa coletiva
As vítimas não pediram isso
E o público? A gente só quer ver sangue e drama
É o capitalismo consumindo dor como produto
Parabéns por transformar assassinato em binge-watch
Se a série não glorifica então por que ela mostra o rosto deles
Se não é para idolatrar por que ela dá tanta atenção
É só um jogo de espelhos com a audiência
Todo mundo quer ser o juiz mas ninguém quer ser o réu
É só entretenimento disfarçado de reflexão
Quem realmente se importa com Isabella
Quem lembra o nome da mulher que foi esquartejada em 2012
É só marketing com dor
Essa série é um documento histórico, não apenas uma produção de entretenimento. Ela captura, com uma precisão quase antropológica, o momento em que a mídia brasileira deixou de ver o criminoso como monstro e passou a vê-lo como um reflexo da própria sociedade. A Penitenciária de Tremembé, como símbolo, não é apenas um local físico, mas um espelho da nossa hipocrisia coletiva. Nós nos recusamos a enxergar as estruturas que geram esses crimes - a desigualdade, a ausência de educação, a violência estrutural - e preferimos transformar os indivíduos em ícones. A série não nos dá respostas, e é exatamente por isso que é poderosa. Ela nos obriga a conviver com a incerteza, com a ambiguidade, com o fato de que, sob certas circunstâncias, qualquer um de nós poderia ter feito algo igual. Não é sobre julgar. É sobre entender. E entender é o primeiro passo para a mudança. Essa é a grande lição que Tremembé nos deixa, mesmo que não queiramos ouvir.
o que mais me pegou foi o som das porta batendo...
tipo... eu tava na cozinha e deu uma arrepio
nao sei se foi a serie ou se eu to ficando maluco
mas isso aqui é outro nivel
parabens mesmo
Eu vi a cena da Sandrão falando 'aqui ninguém é inocente' e quase desliguei...
Porque ela tem razão.
Eu já passei por isso, não de forma tão extrema, mas já me calou quando vi alguém sofrendo e não fiz nada.
Essa série não é sobre eles.
É sobre nós que olhamos, rimos, compartilhamos e esquecemos.
Se a gente não mudar, a próxima série vai ser sobre quem tá na cadeia daqui a 10 anos...
E nós vamos estar aqui, assistindo de novo.
Meu coração tá pesado, mas acho que é o que a gente precisa.