Drama dos Sobreviventes: O Que Aconteceu no Pior Acidente Aéreo da Coreia do Sul em Décadas?
Imagine acordar após um desastre, sem saber o que aconteceu, apenas com a certeza de que teve uma segunda chance. Foi exatamente assim para Lee, comissário de bordo de 33 anos, um dos dois únicos sobreviventes do voo da Jeju Air que caiu no aeroporto internacional de Muan, na Coreia do Sul, no dia 29 de dezembro de 2024. O acidente marcou uma das maiores tragédias aéreas do país, deixando 179 mortos entre os 181 ocupantes da aeronave.
Lee relatou a médicos do Hospital Universitário Ewha, em Seul, que só recobrou a consciência já após ter sido resgatado. Ele não se lembrava do impacto nem dos detalhes do momento do salvamento. Suas lesões foram graves: fraturas nas costelas, escápula e parte superior da coluna. A bordo, ele estava na fileira traseira, onde ficou preso sob destroços até ser retirado por socorristas utilizando ferramentas hidráulicas para cortar a fuselagem amassada. Ao lado, sua colega Koo, de 25 anos, também comissária, saiu ferida no tornozelo e na cabeça, e contou ter ouvido uma explosão durante o pouso, seguida de completo desorientação e confusão após a colisão.
Resgate Arriscado, Polêmica nas Investigações e Revolta Familiar
Os relatos dos sobreviventes detalham o clima de pânico logo após o impacto. O Boeing 737-800 da Jeju Air tentou um pouso sem trem de pouso, deslizando de barriga pela pista antes de colidir com um muro próximo ao fim da área útil. O choque provocou incêndio, levando à instalação de um necrotério improvisado e tendas de apoio para famílias no próprio aeroporto. O resgate foi complicado: bombeiros precisaram agir rápido sob risco de novas explosões, enquanto tentavam acessar quem ainda lutava para sobreviver nos destroços.
Enquanto isso, uma rápida resposta oficial buscava acalmar a população. As autoridades descartaram qualquer relação da tragédia com a redução da pista causada por uma obra recente, apesar de a única pista do aeroporto ter sido fechada para reparos e só ter previsão de reabertura em julho de 2025. Mesmo assim, o governo enfrentou uma enxurrada de críticas após divulgar um relatório preliminar, datado de 21 de julho de 2025, atribuindo a causa do acidente à suposta falha dos pilotos. Familiares das vítimas reagiram fortemente, acusando as investigações de simplificar demais e ignorar possíveis fatores estruturais ou falhas mecânicas. O clamor público foi tão grande que o documento chegou a ser retirado em plena coletiva de imprensa, reacendendo o debate sobre a transparência das investigações e o respeito ao sofrimento dos envolvidos.
Enquanto a Coreia do Sul tenta processar o trauma de seu mais grave acidente aéreo em décadas, os raros sobreviventes como Lee e Koo continuam enfrentando não apenas os desafios da recuperação física, mas também o enorme peso psicológico de fazer parte de uma tragédia que ainda busca explicações definitivas.
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